Greenwashing: a hipocrisia por trás das práticas de marketing ambientalmente enganosas.

A prática do Greenwashing: como empresas enganam os consumidores

No dia 29 de julho de 2019, o mundo começou a operar no vermelho em relação aos seus recursos naturais. Gastamos mais rápido o que a natureza oferece do que ela consegue repor. A estimativa é de que a humanidade tenha cerca de 12 anos para agir diferentemente e diminuir seu impacto no planeta, antes de sofrer grandes momentos de penúria ambiental.

Muitos cidadãos, atentos aos alertas, repensam sua rotina e, consequentemente, sua forma de consumir. As pessoas passaram a analisar os produtos e suas origens com mais frequência e a exigir um compromisso das marcas. Com isso, as vendas de produtos identificados como mais ecológicos, chegam a aumentar 20% ao ano.

O que é Greenwashing?

No entanto, algumas marcas, em vez de mudar sua forma de atuar, alteram apenas sua forma de vender, valendo-se do discurso verde para conquistar essa fatia do mercado. Dessa prática surgiu o termo greenwashing, que une os termos em inglês green (verde) e wash (lavar, limpar). O conceito diz respeito ao apelo marketeiro sobre o cuidado com o meio ambiente, sem no entanto apresentar justificativa válida que demonstre o real engajamento da empresa com a ecologia.

Principais práticas de Greenwashing no mercado atual

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) realizou uma pesquisa em cinco redes de supermercado, feita entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. Os principais produtos pesquisados foram de utilidade doméstica, limpeza, higiene pessoal e produtos cosméticos. Nessa pesquisa, algumas práticas foram observadas com recorrência, situações em que o consumidor ainda é iludido sobre uma falsa preocupação com o meio ambiente. Listamos algumas dinâmicas recorrentes.

A prática das menções sem provas

No universo jurídico, há uma máxima que diz que alegar e não provar é o mesmo que não alegar (allegatio et non probatio quasi non allegatio). Com as menções em propagandas e embalagens que clamam pela preservação do meio ambiente, acontece algo parecido. Se tal indicação não pode ser comprovada por informações de fácil acesso ou uma certificação de confiança, a alegação simplesmente não quer dizer nada.

A prática da troca oculta

Apelo de que um produto é “verde” com base em um conjunto limitado de atributos, sem atenção a outras questões ambientais importantes. Como se uma questão eliminasse todas as demais.

A prática da imprecisão na comunicação

Uma espécie de confusão proposital é realizada na comunicação que abusa do greenwashing. Informações vagas e sem significado real podem ser encontradas em propagandas ou embalagens de forma a induzir à interpretação errada do consumidor.

A prática da informação irrelevante

Tal informação é irrelevante, uma vez que o CFC já é proibido por lei. Então, sua ausência é obrigatória e não um diferencial do produto.

A prática do menor dos males

A informação contida pode até representar uma verdade, mas a prática no todo da empresa não demonstra um engajamento real e serve apenas para distrair o consumidor dos impactos ambientais maiores da categoria como um todo.

A prática da mentira

Outros casos observados pelo IDEC foram reivindicações de condutas ligadas à ecologia que não apresentam nenhuma conexão com a realidade. Produtos que em nada se vinculariam com práticas sustentáveis, mas que apresentam desenhos e informações meramente falsos sobre o tema.

A prática dos falsos rótulos

Segundo a pesquisa do IDEC, esta é uma prática em que o produto, por meio de palavras ou imagens, passa a impressão de ter o endosso de terceiros em suas práticas, ainda que isso não exista. São simplesmente etiquetas falsas.

A prática da segmentação oportunista

Trata-se da segmentação “orgânica” de empresas que praticam ofensas ao meio ambiente em outras segmentações. Ou seja, a prática é meramente oportunista para atrair os consumidores que se recusam a comprar produtos que estejam envolvidos num cenário de maus tratos aos animais, por exemplo.

O Greenwashing nas redes sociais

Nem só de rótulos vive o Greenwashing. Ele pode ser observado também na internet, principalmente nas redes sociais. Algumas práticas ainda são comuns entre influencers que pregam um estilo de vida, mas assumem outro.

Outros acabam cedendo à pressão dos publiposts e aceitam fazer postagens endossando o uso de cosméticos que são testados em animais. Há também os casos de páginas dedicadas a receitas vegetarianas em que os responsáveis são vistos comendo churrasco ou comida japonesa (que contém peixe).

Como o consumidor inteligente pode vencer a hipocrisia

Para vencer essa prática, além de ser necessária uma normatização mais eficiente dos órgãos de controle, é preciso que o consumidor passe a cobrar mais diretamente destas empresas. Em junho de 2019, foi divulgado um estudo da Nielsen que demonstrava que 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto ambiental.

Para que essa mudança possa surtir efeito, é preciso ir a fundo nos questionamentos e na busca do entendimento dos processos: saber as origens, a forma como o produto é fabricado, como chega até as prateleiras dos supermercados. A informação é a base para uma escolha consciente e, consequentemente, para uma vida mais sustentável.

Conclusão

O Greenwashing é uma prática que engana muitos consumidores sobre sua preocupação com o meio ambiente. Por meio de rótulos e informações enganosas, empresas se aproveitam da demanda por produtos ecológicos para vender mais sem, no entanto, mudar sua forma de atuar. É preciso que o consumidor esteja atento e cobre mais transparência das empresas, além de buscar informações sobre a origem e fabricação dos produtos. A mudança de hábitos de consumo é essencial para reduzir o impacto ambiental e garantir um futuro mais sustentável para todos.

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