A importância da diversidade de gênero no mercado de trabalho
O Credit Suisse lançou o relatório Gender 3000 em que apresentou, dentre tantas informações, uma relação entre o aumento de mulheres em funções de tomada de decisão e a melhora do desempenho das empresas no mercado de ações. Mas será que todo o mercado está preparado para essa mudança?
A cultura da empresa deve incluir mulheres
Com a revolução das mulheres no mercado de trabalho, a maioria das empresas tem mulheres ocupando algum cargo no dia a dia, sejam essas empresas de pequeno, médio ou grande porte, nos mais diversos segmentos. No entanto, é preciso se questionar se, além da contratação de mulheres, as companhias estão realmente preparadas para receber essas novas colaboradoras.
Afinal, a cultura da empresa e a estrutura física podem impactar diretamente na contratação e permanência de pessoas do gênero feminino nas equipes. Embora hoje seja mais comum encontrarmos empresas com a estrutura adequada para acolher o público feminino, por muito tempo algumas não tinham sequer a opção de banheiro separado para as colaboradoras.
Além disso, não é raro encontrarmos negócios em que a cultura empresarial acaba segregando seus funcionários e reduzindo as chances de prosperidade e crescimento da equipe feminina. Alguns exemplos disso são: salários diferentes para pessoas que ocupam o mesmo cargo, com as mesmas responsabilidades; falta de suporte para mulheres no que se refere às necessidades básicas em situações como gravidez e pós-parto; falta de estímulo para o desenvolvimento dessas profissionais dentro da empresa; falta de um plano de carreira realmente eficiente e focado no crescimento dessas mulheres dentro da organização; falta de mulheres líderes nas equipes; preferência por pessoas do gênero masculino na hora de fazer as contratações dentro da empresa.
O histórico do mercado
Não é segredo para ninguém que, por muito tempo, o mercado optava pela contratação de homens. Mesmo após as mulheres conquistarem o direito de trabalhar, poucas eram as empresas que realmente davam espaço (e a confiança necessária) para que essas profissionais executassem suas tarefas e conseguissem assumir grandes cargos de liderança.
Ainda hoje nos deparamos com empresas que consideram que mulheres não dispõe de “inteligência emocional” suficiente para lidar com crises e gerenciar equipes. Os argumentos giram em torno de diversas questões, como a possibilidade de gravidez, o estereótipo de mulheres serem mais emocionais e menos racionais e, claro, os resquícios de todo esse histórico de atuação masculina majoritária no mercado.
Apesar disso, as mulheres não pararam: na medida em que direitos como estudo e trabalho foram conquistados, elas começaram a se esforçar para conseguir enfrentar todas essas dificuldades e se firmar nessas posições. O resultado é um mercado com cada vez mais mulheres em posições de liderança, aumento dos resultados, melhora dos números e a quebra de uma visão completamente distorcida a respeito do potencial feminino no mercado de trabalho.
Pequenas atitudes podem fazer a diferença
O que muitas vezes faz com que as empresas demorem a fazer mudanças na cultura para abraçar cada vez mais mulheres é a ideia de que é necessário construir um caminho muito longo para conseguir fazer essas alterações. Pequenas atitudes podem ser suficientes para começar a transformar a realidade da empresa e aumentar a quantidade de mulheres nos cargos de gerência.
Um artigo escrito por Lygia Gonçalves Costa Hryniewicz e Maria Amorim Vianna, intitulado Mulheres em posição de liderança: obstáculos e expectativas de gênero em cargos gerenciais, mostrou alguns dados importantíssimos sobre as dificuldades das mulheres em cargos de gerência. No artigo, foram pontuados desafios como: maternidade; aparência pessoal; estereótipo emocional; demandas da vida familiar; estilos de liderança; divisão de tarefas; poucos estímulos.
Além disso, a pesquisa mostrou que, em muitos casos, mulheres que não têm filhos acabam sofrendo menos preconceito vindo do mercado. Dessa forma, podemos entender que a maternidade se tornou um fator determinante para que as empresas fizessem suas escolhas e optassem pelas profissionais que não precisarão, agora ou futuramente, de licença-maternidade ou flexibilidade para lidar com questões familiares, como emergências com os filhos.
Para que uma empresa mude sua cultura, é preciso, antes de qualquer coisa, entender como o mercado está se comportando e quais são os erros que cometidos. A partir daí, saberá exatamente o que precisa ser mudado para entregar todo o suporte necessário às profissionais, modificando detalhes da cultura organizacional e aumentando o número de mulheres nos cargos de liderança.
Mulheres querem (e precisam) estar em papéis de liderança
Cada vez mais estudos mostram a importância da igualdade de gênero no mercado de trabalho para o crescimento das empresas e melhora da produtividade nas equipes. Para conseguir se adequar a essa realidade, a cultura empresarial precisa estar alinhada a essas novas demandas do mercado, sendo capaz de acolher e estimular cada vez mais mulheres em seus times.
Em 2018, a MSCI apresentou um relatório sobre como o equilíbrio de gênero ajudava a aumentar a produtividade das empresas. A consultora McKinsey mostrou, também, que as empresas que contam com equipes executivas com maior diversidade de gênero apresentam até 21% de chances de aumentarem seus lucros e conquistarem resultados muito mais positivos. Pesquisas do FMI, Fundo Monetário Internacional, também levantaram informações de que a produtividade está diretamente relacionada à diversidade de gênero dentro das empresas.
Conclusão: A diversidade de gênero é fundamental para o sucesso de uma empresa. É preciso que as empresas estejam preparadas para receber mulheres em cargos de liderança, modificando sua cultura organizacional e eliminando preconceitos e obstáculos que ainda existem. Pequenas atitudes podem fazer a diferença e aumentar a quantidade de mulheres nos cargos de gerência, trazendo benefícios para toda a equipe e para a empresa como um todo.
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